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Responsabilidade social debatida em Albufeira

por Daniel Pina, em 03.02.15
No passado dia 23 de janeiro, mais de 350 pessoas marcaram presença no Palácio de Congressos do Algarve, em Albufeira, para assistir ao II Encontro de Responsabilidade Social. O evento juntou as principais entidades públicas e privadas a nível nacional com intervenção na área e, ao longo de quatro painéis de debate, foram discutidas ideias, apresentados testemunhos e reflexões sobre o caminho a seguir para que se evolua do assistencialismo à sustentabilidade do terceiro setor.  
A provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, Patrícia Seromenho, deu início ao evento explicando que foi pensado para  uma reflexão conjunta sobre o que é a Responsabilidade Social e  para encontrar formas de tornar o terceiro setor sustentável, “trabalhando em parceria com todos os intervenientes, desde o Estado às autarquias, às instituições públicas e às empresas privadas”. “É essencial que as IPSS façam uma boa gestão dos seus fundos e que recorram às empresas privadas para obter financiamento e, consequentemente, sustentabilidade”, alertou, por sua vez, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Carlos Silva e Sousa, que lançou o repto para que se procure ir mais além do mero assistencialismo e que se contribua ativamente para a sociedade.
A importância do desenvolvimento de parcerias entre empresas e instituições foi o fio condutor do Encontro, que contou com o testemunho de diversos empresários com uma forte presença na atividade social do país. “A nossa preocupação não é apenas com o bem-estar dos clientes, mas também com os meios e recursos envolventes ao nosso empreendimento turístico”, salientou Carlos Leal, diretor geral do Pine Cliffs Resort, unidade hoteleira localizada em Albufeira, e que representa uma das maiores entidades empregadoras do concelho. “Defendemos uma política assente na sustentabilidade ambiental e na responsabilidade social, trabalhando em parceria com várias associações, instituições e com a comunidade local”, testemunhou o diretor hoteleiro, um dos oradores do primeiro painel do evento.
Com igual intervenção no primeiro painel, a diretora de Inovação Social da Fundação EDP, Margarida Pinto Correia, apresentou o conceito de «negócios sociais» e os principais constrangimentos e fatores de sucesso no desenvolvimento desta forma de atuação. Realçando que, apesar do Algarve e o Alentejo serem as duas regiões do país que apresentam menos candidaturas a projetos de apoio social daquela instituição, a nível nacional, Portugal encontra-se na vanguarda europeia com iniciativas inovadoras de empreendedorismo social. Exemplo disso é o Instituto de Empreendedorismo Social - Social Business School, a primeira escola de negócios focada na Inovação e Empreendedorismo Social em Portugal.
O IES foi representado no Encontro por Nuno Frazão, atual Coordenador do Laboratório de Inovação Social e Coordenador da Área de Desenvolvimento e Negócios do referido Instituto, que apresentou as áreas de intervenção Instituto que percorreu caminho dedicado à inovação social na criação de soluções de negócio sustentáveis, oferecendo um portefólio de formação, investigação e consultoria que dá resposta a empreendedores sociais, organizações sociais, setor público, empresas, fundações e universidades, de forma a inspirar, formar, apoiar e ligar organizações e pessoas, de todos os setores de uma economia convergente. E Joaquim Caetano, responsável da área de Voluntariado Corporativo da Fundação Montepio, realçou as linhas base do investimento social com vista à sustentabilidade da intervenção, dando enfase à rede de parcerias, envolvimento dos beneficiários e à necessidade permanente de avaliação.
O terceiro painel do encontro, moderado pelo presidente da Fundação «O Século», Emanuel Martins, destacou a mais-valia da intervenção da área empresarial-social como meio de apoio e complementaridade na atuação das instituições. O projeto «As Marias» da Fundação EDP, a Plataforma «HereWeGo» de turismo inclusivo e a «Comfort Keepers», foram os casos de sucesso apresentados. A introduzir o momento de reflexões, Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), parceiro do Encontro, fez saber que o Quadro Comunitário de Apoio contempla um programa específico direcionado às instituições da Economia Social, que irá comparticipar uma verba superior a dois milhões de euros. “Este é um instrumento de extrema importância para as nossas instituições nos próximos anos”, destacou.
O presidente da UMP alertou ainda para a importância do funcionamento em rede das instituições que prestam apoio social, a fim de garantirem a sustentabilidade futura das suas ações. Manuel Lemos defendeu que, para a sustentabilidade de todos aqueles que têm um trabalho social, "é necessário que pensem também na distribuição de serviços, para evitar a saturação do mercado com muitos a oferecer os mesmos produtos e serviços”. Em jeito de conclusão, Carlos Silva e Sousa frisou que “o papel das autarquias na questão social é entendido, cada vez mais, como prioritário pela sua urgência e importância, já que estamos a falar de pessoas desfavorecidas”.
Carlos Silva e Sousa divulgou que o Município de Albufeira tem um conjunto de medidas de apoio à população mais carenciada, que vai desde as bolsas de estudo ao apoio ao arrendamento ou à teleassistência a idosos, para além das parcerias com as IPSS locais que atuam ao nível da alimentação, roupa, material escolar, transporte, entre muitas outras.
O painel de encerramento do evento contou também com a intervenção de Alexandra Rebelo, subdiretora do Banco de Inovação Social  e Ofélia Ramos, diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Faro. “O grande desafio do terceiro setor é arranjar outras formas de financiamento para além dos fundos públicos, que garantam a sua sustentabilidade económica”, explicou Ofélia Ramos, adiantando que a Segurança Social financia mensalmente o terceiro setor com cerca de 4,5 milhões de euros no distrito de Faro, mas que “é fundamental que todas as entidades ligadas à Economia Social, cujo objetivo passe pela solidariedade e desenvolvimento integrado das comunidades, trabalhem em rede e em parceria entre público e privado, para que possam atingir os objetivos que os unem a todos”.

publicado às 11:30



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