Dez anos depois o Município de Lagos voltou a receber a Sessão Solene Comemorativa do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico, celebrado no passado dia 28 de março, data em que se assinala igualmente o nascimento do escritor Alexandre Herculano, seu patrono. António Meneres, Secretário-geral da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, lembrou que também passavam 510 anos sobre a data em que D. Manuel I passou o Foral à cidade de Lagos.
Depois de falar da importância desta efeméride, o arquiteto lembrou que, apesar do Centro Histórico de Lagos ter sido bastante marcado pelo terramoto de 1755, foi sendo cuidadosamente reconstruído ao longo dos anos, “no intuito de que a sua vivência seja uma mais-valia tanto para o concelho, como para a região”. Uma afirmação corroborada pela Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Maria Joaquina Matos, lamentando, porém, que atualmente se esteja a verificar uma desertificação dos centros históricos das cidades. “Daí que a Câmara esteja a dar especial importância a um tema que tem sido o assunto do dia – a reabilitação urbana, com desenvolvimento de novas políticas de habitação que estão a enveredar pela requalificação das habitações existentes, antes de serem permitidas construções de raiz”, explicou. “A conservação do património e a reabilitação são áreas estruturantes e fundamentais nos próximos anos”, reforçou a autarca.
Concluídas as intervenções oficiais da mesa, passou-se à entrega do Prémio Nacional «Memória e Identidade», criado pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, em colaboração com a Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, e que visa destacar as personalidades que ao longo da sua carreira mais se distinguiram em termos nacionais nos domínios da salvaguarda e valorização do Património, resultando das suas atividades um claro benefício para as autarquias portuguesas, sob o lema «transformar sem destruir, crescer sem devorar as raízes». Recorde-se que a primeira edição foi ganha pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira, tendo sido atribuída no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, no dia 28 de março de 2012. Na mesma data, em 2013, o mesmo prémio foi atribuído ao Professor Doutor José Augusto França no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Santarém. Nesta 3ª edição, o prémio foi atribuído a Frederico Mendes Paula e a José Miguel Correia Noras.
A Frederico Mendes Paula, o prémio foi atribuído pela sua ação enquanto Presidente do Júri do Prémio Nacional de Arquitetura Alexandre Herculano, como promotor de uma vasta ação visando o estudo e a divulgação de medidas cautelares contra riscos de catástrofes e de outras calamidades, mormente sismos, no âmbito dos centros históricos portugueses, bem como pelo seu trabalho de divulgação do Luso-Arabismo. Por seu turno, José Miguel Correia Noras foi premiado em consideração ao seu papel como antigo presidente escalabitano, ex-vereador de Lamego, dirigente nacional e referência incontornável da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, como defensor e estudioso incansável do Património Cultural Português, bem como pelos seus contributos inovadores no que toca à preservação e ao restauro do Património, assegurando a sua revitalização, a sua ligação harmoniosa à vida contemporânea e o desenvolvimento das respetivas envolvências, defendidos na sua tese de doutoramento. José Miguel Correia Noras foi igualmente o autor da proposta e grande impulsionador da instituição do Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses e da criação do Prémio Nacional de Arquitetura Alexandre Herculano.
Para além desta sessão, que decorreu no Centro Cultural de Lagos, o período da tarde foi preenchido com uma visita guiada ao Centro Histórico da cidade (Praça do Infante; Jardim da Constituição; Instalações do «Antigo Trem de Artilharia de Lagos» - visita ao adarve da Cerca Medieval e Torres Albarrãs da Porta de São Gonçalo -, Igreja de Santo António, que terminou com uma visita à Igreja Nossa Senhora do Carmo, durante a qual foi apresentado o Projeto de Reabilitação ocorrido na Igreja, cuja metodologia, elaborada no âmbito do Gabinete do Centro Histórico da Câmara Municipal de Lagos, foi vencedora do Prémio Gulbenkian para a Recuperação e Valorização do Património no ano de 2003. Durante a visita à Igreja de Sto. António, foram dadas a conhecer as principais conclusões do diagnóstico feito recentemente à situação daquela Igreja, que, relembre-se, fechou ao público em outubro do ano passado, situação decorrente da análise realizada no local, onde se detetou a degradação da cobertura e a existência de uma deformação na abóbada da Igreja.