por Daniel Pina, em 13.03.15
As obras de requalificação do Mercado de Escravos, em Lagos, arrancaram na segunda semana de março, com um prazo contratual de 120 dias e um valor de adjudicação de 143.760,96 € + IVA. Aquele que é um dos equipamentos culturais mais importantes do concelho, localizado na Praça do Infante, tem estado de portas encerradas ao público desde o final do ano passado, para preparação e consequente realização de obras de requalificação e reabilitação.
Recorde-se que o Núcleo da Escravatura do Museu de Lagos é um dos projetos estruturantes do Município na vertente histórica, cultural e patrimonial, e tem enquadramento no projeto da UNESCO «Rota do Escravo». Em termos físicos, ficará instalado no edifício do «Mercado de Escravos», onde se dará conta do importante achado arqueológico ocorrido na cidade há alguns anos e que veio demonstrar, com testemunhos materiais, o papel de Lagos como um dos primeiros e principais locais de desembarque e comércio de escravos vindos da costa ocidental africana, já assim referido na Crónica da Guiné, de Zurara.
Convém também recordar que a intervenção neste imóvel decorre do compromisso assumido no Protocolo de Colaboração assinado pela autarquia com o Exército Português - que previa a cedência recíproca de imóveis situados no centro histórico da cidade, e que permitiu ao município passar a utilizar a totalidade do edifício (rés do chão e primeiro andar). Nesta perspetiva, e também no âmbito da parceria estabelecida com o Comité Português do projeto «Rota do Escravo» da UNESCO, estão já a ser desenvolvidas as ações de museologia e museografia necessárias, que contam igualmente com o apoio técnico da Direção Regional de Cultura do Algarve.